Close Menu

Busque por Palavra Chave

Arte & manhas | Sobre o pé de moleque: uma crônica quase culinária

Por: Luís Bogo
31/05/2023 16:42

Gosto de escrever sob encomenda. Sempre peço aos amigos e amigas que me sugiram temas ou palavras que me inspirem. Desta vez pediram que eu escrevesse sobre o doce pé de moleque.

A receita é simples: basta juntar 1/2 kg de amendoim torrado e descascado, 1/2 kg de açúcar, 1 lata de leite condensado e 3 colheres de margarina. Em seguida, levar ao fogo o açúcar, a margarina e o amendoim. Quando a calda começar a se formar, basta acrescentar o leite condensado, sempre mexendo, até que se solte do fundo da panela. Em seguida, basta colocá-lo sobre uma pia de mármore até que esfrie e possa ser cortado em pedaços.

Também conhecido como “quebra dentes” ou “quebra queixo”, o doce surgiu logo no século XVI, quando humildes confeiteiras vendiam em pequenas barracas a iguaria feita de rapadura e amendoim. Porém, a gurizada “esperta”, passava pelas bancas e roubava os doces. As quituteiras se revoltavam, berrando: “pede, moleque!”.

Outra explicação histórica para o nome do doce, vem de sua aparência com os pés dos meninos que corriam descalços pelas ruas, com seus pés pouco delicados em função das pedras irregulares dos calçamentos coloniais.

Porém, como o povo brasileiro sempre foi muito criativo, os pés de moleques (e mais recentemente de molecas), ganharam os gramados e formaram Pelés, Garrinchas, Rivelinos, e um tal de Ademir da Guia, nascido em Bangu, onde abundam habilidosas quituteiras e habilidosos pés que são logo exportados.

O Brasil tem uma diversidade cultural tão expressiva, que às vezes fica difícil tratar uma expressão como se tivesse um único significado.

Para radicalizar, poderia haver pé mais moleque do que o do Saci-Pererê, que tinha uma perna só, mas era considerado “endiabrado” e travesso, a exemplo de alguns jogadores de futebol que praticam mágicas encenações usando apenas os músculos e os ossos dos pés?

Mas, para terminar esta pequena historinha, quero dizer que embora eu tenha uma profunda admiração sobre os sabores e efeitos dos pés de moleques, ainda prefiro provar um “beijinho de moça”, outra receita simples que leva apenas maisena, ovo, manteiga, açúcar e um punhado de farinha de trigo.

Na falta destes ingredientes, lábios são suficientes para saciar o apetite.


Semasa Itajaí
Alesc - Novembro
Unochapecó
Rech Mobile
Publicações Legais Mobile

Fundado em 06 de Maio de 2010

EDITOR-CHEFE
Marcos Schettini

Redação Chapecó

Rua São João, 72-D, Centro

Redação Xaxim

AV. Plínio Arlindo de Nês, 1105, Sala, 202, Centro